Conheci Neli Aparecida de Mello-Théry quando fui designado pelo Jornal da USP para cobrir uma expedição de professores e estudantes brasileiros e franceses à Amazônia, em 2009. Tivemos uma ou duas conversas preparatórias antes da viagem, mas foi durante aqueles dias inesquecíveis em campo que tive a oportunidade de – entre tantos privilégios que a expedição me concedeu – conviver mais com ela e aprender de seu imenso conhecimento e generosidade.
Nos anos seguintes, encontrei-a em algumas poucas ocasiões – eventos ou entrevistas nas quais a “explorava” como fonte para reportagens. Sempre foram situações agradáveis e de mais aprendizado para mim.
Na convivência com alunos de graduação e pós, o que facilmente percebi naqueles dias na Amazônia, Neli era a professora que não abria mão do rigor acadêmico e profissional, e ao mesmo tempo era também uma presença amorosa, companheira, genuinamente interessada nas pessoas e no que elas tinham a dizer.
Nunca encontrei quem a conhecesse que não se referisse a ela como uma professora exigente, que não “aliviava” para ninguém e que possuía uma enorme capacidade de trabalho – e como essa mulher que entregava o melhor de sua humanidade aos seres humanos com quem cruzava.
Algumas semanas antes de se iniciar esta desalentadora e interminável quarentena, soube que Neli enfrentava um câncer agressivo em Paris, onde vivia com seu marido, Hervé.
Na triste terça-feira 6/4 soube da sua partida.
O que ela ensinou, semeou, criou e cativou em cada um de seus alunos e alunas está frutificando em muitos lugares por aí, e assim continuará.
E certamente nenhum deles deixará de guardar imagens como as feitas pela Cecilia Bastos na viagem, das quais escolhi duas que simbolizam o sorriso e o trabalho da professora.
(As reportagens sobre a expedição podem ser lidas aqui.)
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